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23 de agosto de 2014

A reinvenção do trabalho escravo

Foto da comitiva da CPI do Trabalho Escravo
"[...]
– Maria, você sente que seu trabalho é valorizado?
– Valorizado? Não sei... Talvez? Talvez sim? Não sei o que é “valorizado”.
– Mas sente que seu trabalho oferece condições justas?
– Justo? Não sei se sei o que é “justo”.
– Se você pudesse mudar sua vida, o que mudaria?
– Tipo sonho? Não sei... Queria voltar a tempo de rever meus pais. Eles têm uns 80 anos,
tenho medo de não reencontrá-los.
Do lado de fora da oficina, Maria olhava para o alto, tentando alinhavar lentamente suas
ideias: “Mira, ouvi dizer que numas oficinas há gente escravizada. Mas na minha não é
assim. É tudo tranquilo, tranquilo. Não posso perder esse trabalho. Se perdesse, aí sim teria
uma história ainda mais triste pra contar...”

Trecho da matéria publicada no jornal Estado de São Paulo, domingo 23 de agosto de 2014. 



A realidade americana na indústria têxtil é de baixa produção - pouco se vê etiquetas made in USA, e o que se encontra ainda é pouquíssimo para a demanda; Como no caso da American Apparel, uma camiseta ou uma bermuda custa em torno de 50-80 dólares - a compra é inviável para uma faixa população que ganha em média 9 dólares/hora, e a previsão de aumento para $ 10dolares/hora está prevista somente para 2016.
 

Do outro lado do mapa, mas diante da mesma problemática: os artigos de vestuário das marcas americanas são produzidas em países onde o salário mensal do trabalhador não ultrapassa a 150 dólares, sendo o maior contratador americano o Wallmart.
Em Bangladesh o trabalhador ganha em média 5,300 taka ($68). No Vietnam $90 a $128 - dependendo da região. Por fim, na Índia o salário mensal varia entre $130 a $150.

 
Pensando em um evento como o de Rana Plaza, tem uma coisa que o cenário brasileiro tem de bom, e que infelizmente ainda nenhum dos lugares citados acima conquistou (até onde tenho notícia) - os direitos trabalhistas!
Espero que não precisemos ver 600 operários mortos para perceber que o problema sobre os custos baixíssimos da produção é urgente.



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