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9 de dezembro de 2009

Moda Brasileira

Um dos primeiros eventos que deram visibilidade à moda brasileira foi o Phytoervas Fashion (1994), que abriu oportunidades a novos estilistas de mostrar suas coleções. Foi dele que ascenderam nomes como Alexandre Herchcovitch e Fause Haten. Na ocasião, as modelos tiveram de vir de fora do país, pois as agências de modelo aqui eram escassas, assim como todo o mercado nesse ramo. O evento também apoiou financeiramente todos os estilistas, para que fossem possíveis as suas estilizações. Dessa forma, alcançou sucesso, crescendo a cada edição. Entretanto, a Phytoervas foi vendida para a Bristol-Myers Squibb, em meados dos anos 1990, e passou a ser patrocinado pelo Shopping Morumbi, ganhando o corpo e o nome de Morumbi Fashion.

Seguindo os mesmos passos das outras edições, também o Morumbi Fashion vingou e ganhou maiores dimensões que o esperado. Acabou conseguindo bancar a si mesmo e caminhar por conta própria, encabeçado pelo produtor Paulo Borges, que queria criar no país um calendário fixo para todos os desfiles, como em Paris, Milão e Nova York. Em janeiro de 2001, o Morumbi Fashion ganhou o título de "Calendário Oficial da Moda Brasileira São Paulo Fashion Week".

Com duas edições anuais, o evento lança tendências nacionais de verão e inverno e tem o retorno de milhões de reais em vendas para os diversos compradores do Brasil e do mundo. Realizado no prédio da Fundação Bienal no Parque Ibirapuera, em São Paulo, o SPFW recebe convidados estrangeiros e correspondentes da imprensa especializada de diversos países: Le Figaro, L'Officiel, Harper's Bazaar, Vogue, New York Times, etc.

Apesar da alavancada nacional sobre o cenário de moda e seus lucros relevantes, Michelle Medrado, cientista social graduada pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, professora no Senac e pesquisadora das temáticas de Moda, violência e judiciário, afirma que é necessário saber que a moda não pode ser compreendida apenas pelo viés econômico, porque ela envolve mecanismos de distinção e gosto. Se a questão é moda, trata-se então de algo que os indivíduos portam, carregados de símbolos e representações, mas portam sobre o seu corpo, imprimindo desse modo a expressão de um valor social construído pelo grupo do qual participa, valor este arquitetado na produção cultural e política que organiza esses corpos.

O maior pólo de moda do Brasil abre espaço também para os estilistas iniciantes e undergrounds, com a Semana de Moda - Casa de Criadores.

O evento vem sendo realizado desde maio de 1997. Na ocasião, havia seis estilistas no projeto, que teve lugar na sede do Fundo Social de Solidariedade de São Paulo, no Parque da Água Branca, e não contou com patrocinador algum. Hoje, o projeto, voltado para os jovens criadores, tem diversos patrocinadores e acontece em locações variadas, quase sempre inusitadas, como o Vale do Anhangabaú, no evento de 1996.

Michelle explica que as necessidades culturais são construídas por muitas vias, como a educação, mas não apenas a educação familiar, mas a educação das construções sociais legitimadas e pautadas pelo conjunto da sociedade, entendidas como regras de convivência definidas pela tradição. Desta forma, podemos concluir que o Brasil exporta para o mundo um pouco de cada cultura, afinal o país é caracterizado como um paraíso tropical, onde convivem em harmonia todas as etnias.

Matéria publicada na Revista de Sociologia Ciência & Vida, ano II. número 18 (disponível online)

6 de dezembro de 2009

Mercado Mundo Mix ... o retorno!




A nova versão do Mercado Mundo Mix abriu em São Paulo, no início de dezembro de 2009. Com inovação na forma de apresentar e reunir produtores do mercado de moda, foi possível observar a proposta de ser uma galeria em constante movimentação com exposições de fast-art, bazares, promoções-relâmpago, lançamento de novas coleções e claro, festas!".


Eu estive lá pra conferir a novidade!

3 de dezembro de 2009

Skyland ... marca da Paramount.

Em meados de novembro ocorreu o lançamento da marca Skyland, no MASP*.

As peças colocadas à exposição foram as camisetas, em estilo polo, cada cor de camiseta, recebeu um tratamento criativo ...

* Museu de Arte de São Paulo

Lições de Moda - 26ª Casa de Criadores


Durante a 26ª Casa de Criadores, aconteceu um evento denominado Lições de Moda, na Pinacoteca do Estado de São Paulo, organizado pelo Novo*.

Primeiro dia: Pesquisando o Futuro: Novos Laboratórios de Tendências;
Segundo dia: "Em Cartaz: Comédia da Moda Privada";
Terceiro dia: "Do Casebre ao Casarão".

Resolvi registrar tudo que sofro e percebo que há intersecção com a moda, afinal, faz parte da minha justificativa, e compõe a construção deste espaço: que é juntar minhas experiências na moda, com o olhar da ciências sociais.

http://novo-moda.blogspot.com/

30 de novembro de 2009

Passeata Fashion ...

flash mob*.

(mapa interativo)

Uma composição de palavras intrigante, afinal, quando pensamos em passeata, pensamos em reivindicação. E fashion, algo relacionado ao mundo da moda, e distante dos pobres mortais, afinal, a rua é o território onde os indíviduos se mortalizam. Deste modo, a aproximação dessas 2 palavras, cria um significado curioso ... Como a moda reivindicasse algo. Intrigada, fui lá pra conferir.
Num exercício de etnografar a primeira passeata Fashion, fui caminhando atrás, nas bordas, à frente e ao lado. Observando a composição dos (das) modelos que estavam posicionadas em fila indiana, em meio a rua, e sobretudo, olhando para quem as observava.
Fotografei: não parava e abordava quem me chamou atenção, simplesmente recortava aquele momento, para não ficar algo construído e pensado, como posar para uma foto, tentei fazer com que tudo ficasse com a cara da rua, do inesperado.

A passeata saiu do Largo do Arouche, região central da cidade de São Paulo. Concentração às 13h - saída às 14h30. Seguindo pela avenida São João, Duque de Caxias, passando em frente à Sala São Paulo, pelo antigo prédio do DOPS, hoje chamado de Museu do Imaginário e a Estação Pinacoteca; Contiinuando, a frente a estação da Luz, em sua lateral o Museu da Língua Portuguesa, em frente o jardim da praça da Luz, e em anexo a Pinacoteca.

Ali estavam todas os modelos expostos aos olhares dos transeuntes que pouco compreendiam o que estava acontecendo. Mas estavam atentos! Afinal, eram mulheres e homens, vestidos de uma maneira 'diferenciada' do cotidiano. Composições de cores chamativas, ou monocromáticas, vestes feitas com tecidos amarrados, costurados ou pendurandos... Sápatos altos, baixos ou descalços.

A equipe da organização usava uma camiseta cor preta, com letras nas cores verde-limão ou rosa-pink. Em sua frente tinha a seguinte frase: A moda vota, e nas costas frases como João Pimenta pra vereador, haviam mais frases, não consegui lê-las.

Apasseata estacionou na entrada do Parque da Luz, ficou um 'burburinho' concentrado, os pedestres puderam conferir e dar um palpite mais de perto do que se via.




Ouvi " um concurso de beleza com roupas exóticas'? O que se via dali eram modelos com maquiagens de tonalidade branca, com aros na cabeça.

Na calçada acontecia um culto evangélico pentecostal, se colocaram como nada tivesse acontecendo ao seu redor.
Ao entrar no parque em direção ao corpo de jurado, que estavam no coreto, ouvia-se músicas que embalaram tons de protesto na ditadura, e sobretudo, surgidas no movimento da tropicália. Como Alegria, Alegria... "caminhando contra ao vento,sem lenço e sem documento", na voz de Caetano. Ou um pouco de Secos de Secos e Molhados ¨Mas as pessoas na sala de jantar. São ocupadas em nascer e morrer"...

Logo me posicionei na proximidade do corpo de jurados e fiquei observando as apresentações do concurso. Looks inesperados, poucos chamaram a atenção. Mas outros, chamavam atenção pelo minimalismo e por sua construção estética.

Dentro do parque, após as apresentações do concurso, o intervalo foi embalado por uma apresentação de uma trupe de teatro, que deve acontecer por lá aos domingos. Curiosamente, a cantiga da apresentação se iniciava com uma das personagens pedindo um vestido ao marido, e uma viagem... Alguns ficaram ali olhando, outros se dispersaram ...


A impressão de tudo que se passava ali, trazia em si a composição única daquele espaço, afinal, estavamos no Parque da Luz. A sensação foi de uma grande intervenção urbana.

Enquanto todos se posicionavan pra ver o desfile d'Asgêmeas, de repente surge uma mulher, com uma sacola em mãos, com o rostos e a voz vibrante de raiva querendo saber quem havia iniciado uma música que não era esperada por ela. Certamente, teria sido colocada por novatos daquele espaço. Logo ela sumiu, tudo se resolveu, se formou um círculo humano para o inicio do desfile.

As modelos saiam de dentro do coreto central, e seguiam na alameda do parque, mas antes de ingressarem no piso da alameda, tinham que caminhar de salto nos pedregulhos ... fato curioso. Parque, pedregulho, salto, desfile ... Bom, ali se apresentou o desfile roupas com babados, fios de linha, metais e cetim com costuras bem demarcadas e definidas. Aplausos.

Ainda no parque show de 2 bandas e a apresentação do resultado do concurso da passeata fashion. Foi um bom domingo no parque, tendo como referênca letra da música de Gilberto Gil, em que as situações menos esperadas podem acontecer.

*Segundo o dicionário Houaiss, 2001. Passeata quer dizer marcha coletiva em protesto, reinvindicação

14 de novembro de 2009

Coleção Pluie

A coleção Pluie, foi criada num processo criativo intenso, pois nela contém muito do descobrimento e desdobramento de pesquisa e observação acerca dos espaços urbanos, podem acreditar, os mais diversos.

O início da minha trajetória é marcada pela perspectiva acadêmica, afinal, sou formada em ciências sociais, diante tais experiências, que conto abaixo, fui levada à um novo espaço, ou melhor me posicionei diferente nele.

Umas das primeiras pesquisas que realizei foi sobre a violência na mídia, investigava a representação do criminoso na sociedade paulistana, para isso, estudei o falecido programa Cidade Alerta. A construção deste estudo era embasado nos conceitos de linguagem e discurso, empreendidos por Michel Foucault e Pierre Bourdieu.

Foi no perscurso do tratamento dos dados que me deparei que haviam formas específicas de representação, e para cada tipo de acontecimento ligado à imagem do criminoso, se adotava um tipo de linguagem, de uma forma estética, fazendo com que o discurso se propagasse com mais força.

Ainda,

Na busca pela compreensão da representação do criminoso na sociedade, construí um projeto de pesquisa que seria apresentando aos programas de pós graduação de universidades públicas, no departamento de antropologia, para investigar qual a representação que o criminoso faz da sociedade, observando suas representações visuais e plásticas, produzidas designadamente naquele tipo de espaço; O meio utilizado para análise eram entrevistas e fotografias com quem havia passado pelo espaço do cárcere, tive a oportunidade de fazer visitas ao espaço desativado da Casa de Detenção, o conhecido Carandiru. E através da fotografia, fui me aproximando cada vez mais da arte, dela enquanto ciência, produção de conhecimento.

Entretanto, no meio da construção deste projeto, comecei um campo de pesquisa etnográfica, acerca da trajetória dos juízes, por lá também analisava a performance dos agentes do judiciário, e a representação do criminoso, ali chamado de preso, que usava macacão, em cor amarela.

Já que minha curiosidade cientifica era observar a representação do criminoso, o espaço do Fórum, assim como o espaço do cárcere era constiuídos e construído por sua existência.

A pesquisa durou 4 meses, de agosto à novembro de 2006, um período em que há incidência de chuvas na cidade paulistana.

O espaço do Fórum empreendi um terreno gigantesco, há espaços descobertos, sobretudo, o da entrada principal. E numa tarde que chovia muito, quando entrava no Fórum percebi que as pessoas usavam seus pertences que poderiam ser bolsas, processos, sacolas ou livros nas cabeças para protegê-las.

Confesso que aquilo me inquietava, e muito! Já que muitos agentes judiciários utizavam o processo, ou seja, a narrativa dos fatos pra se proteger. Aquilo intrigava. Pensava, o processo é um objeto muito importante para a trajetória de um preso ou para o desenvolvimento do trabalho judicial e se perder uma folha, ter um borrão, um pingo d'água, algo ilegível tudo pode se transformar. Tudo pode ir por água abaixo.

E porque protejer a cabeça? O cabelo? Tronco, e não outra parte do corpo?

E na busca de respostas percebi que ali o espaço poderia ser mais do que um trânsito de pessoas, passei a observar como as relações sociais configuravam, o que havia nas relações e em suas formas de tratamento que eram diferenciadas conforme sua postura e sua vestimenta. Ali os signos da perfomance, da representação e da interação se aliavam num conjunto muito expressivo.

Pesquisando na literatura sociológica, antropológica, bem como na de moda, encontrei algumas respostas acerca da proteção do tronco e de algumas partes do corpo. Na qual diziam que a vestimenta é uma forma de diferenciação no espaço, e que a forma que a portamos, nos leva a determinados julgamentos, anuncia quem somos no espaço.

E isto é válido e legítimo para o campo do direito. Imagina falar com o juiz de cabelo molhado? As recomendações de marketing pessoal para este público, ou as cobranças feitas de forma inconsciente certamente rechaçariam o profissional amassado, molhado ou sujo. Notando que em nossa sociedade o cabelo, a boa aparência' dá aspectos de pureza e de confiabilidade.

Mas ainda se perguntava: e o uso do guarda-chuva, ele seria pra isso? Proteção. Mas ele é pesado, e nem sempre estamos com ele na bolsa.

E porque não existe um objeto fácil de carregar, simples, elegante e que protege os pertences? Como lenços, bandanas, bolsas ou envelopes, e até mesmo casacos.

Pensei, pesquisei e fui à busca de tecidos que pudessem atender aos meus questionamentos.

E, encontrei!

Eram tecidos com proteção a água, os impermeáveis. E após descobri o de proteção ao sol, que medem até a quantidade de ultra violeta.

Pronto! Agora poderia proteger os documentos dos presos e dos libertos!

Mas era preciso relacionar os tecidos impermeaveis encontrado que eram feitos de tapeçaria, utilizados para sofá, cadeiras, com a necessidade apresentada por aquele público, ou até mesmo, por esta cidade, que sofre durante o dia diferentes momentos climáticos.

A ideia não saia da cabeça!

Comprei os tecidos impermeaveis, e sempre que reunia os amigos contava a ideia, falava do conceito que poderia construir ... E foi com esta pesquisa informal que concebia os objetos, que pensava em sua cores, em seus formatos ...

Com isso, fui me encorajando para criação dos produtos e sugiram 3 linhas.

Aos poucos fui entrando no universo da pesquisa em moda, procurando literatura, participando de cursos, até me inscrever num programa de pós-latu sensu em moda. Lá fiquei pouco, sentia que o momento estava para a aplicabilidade e nem tanto para a teoria.

Porém, descobri que há poucas pesquisas acadêmicas sendo empreendidas sobre tecidos, e diminui o número quando se fala em tecidos inteligentes, dermatológicos, interativos ou tecnológicos.

Vale ressaltar, que esse tipo de material é denominado como novos materiais do design de moda, conforme Umberto Eco, classifica em seu livro História da Beleza.

Deste modo percebia que o campo estava vago e que pode ser preenchido...

Encorajei-me e nasceu a coleção Pluie.

Pluie de chuva, de proteção à água...

Inspirada no livro "O Pano do Diabo - Uma história das listras e dos tecidos listrados" de Michel Pastoureau.

A coleção é composta por cores vibrantes e listras, contrapondo a ausência de cores do cotidiano urbano, do corre-corre diário, indiferente se o espaço é aberto ou fechado. Assumindo uma expressão geometrica, marcada pela forma estética. São sacolas retangulares, bolsas circulares e trapézios, envelopes em tamanhos proporcionalmente definidos em p, m e g.




29 de outubro de 2009

Novos materiais e a Moda

A presente pesquisa demonstra como a arte e a moda, por meados do final século XVIII, vão incluir em sua produção novos materiais, inaugurando uma nova estética e linguagem, e atribuindo a si, novos significados e valores.

Portanto, o conteúdo foi preparado com uma rápida apresentação dos novos materiais para produção de uma obra de arte.

Em seguida breve exposição dos novos materiais na moda, as chamadas fibras têxteis sintéticas, contando sua história e seus usos, e a observação tátil destes citados materiais.

Objetivos

O presente trabalho tem como objetivo apresentar a revalorização da matéria na arte e no designer no século XX. A abordagem do tema será construída como a arte contemporânea compreende a revalorização da matéria, os movimentos artísticos que interagem neste cenário de ruptura. A correspondência dos novos materiais no universo da construção das vestimentas.

Novo, nouvelle ...

Segundo Eco, é a arte contemporânea que descobre o valor e a fecundidade da matéria. Isto não quer dizer que outrora, os artistas não se preocupassem com ela, embora soubessem que era preciso dialogar e nela encontrar uma fonte de inspiração. Considerava-se, contudo que a matéria era por si mesma informe e que a Beleza surgia depois sobre ela, podendo ser uma idéia ou forma impressa. É neste contexto, que a estética contemporânea emerge com a inquietação no que tange a matéria. Assim, a matéria não é apenas o corpo da obra, mas também é o seu fim, o objeto do discurso estético.

A arte contemporânea é um período artístico que se afirma no desenrolar do século XX, propondo reflexões sobre o estado da arte. Neste cenário em que a arte se interroga, ela também atribui novos significados, e se apropria de novas imagens, não só as que fazem parte da historia da arte, mas também as que habitam o cotidiano. O belo contemporâneo não busca mais o novo, nem o espanto, como as vanguardas da primeira metade deste século: propõe o estranhamento, o questionamento da linguagem e sua leitura.

O moderno está ligado à idéia do novo, assim, traz consigo vontade da pesquisa, resultando então, na busca de novos materiais, serão incorporados novos objetos, sons, cores, formas e linguagens que nunca foram considerados adequados para produção da arte.

Alguns artistas embarcaram nesta perspectiva da produção de arte, dentre eles, Marcel Duchamp 1, que em 1913 disse ‘ Pode alguém fazer obras que não sejam de arte?’. Este questionamento anuncia uma mudança radical na prática do artista, dando inicio ao rompimento das idéias tradicionais da arte, ou seja, o que é levado e avaliado para ser uma obra de arte. (grifos meus)

O momento da pronuncia da frase citada acima, coincide com o período no qual começou a conceber os objetos denominados ready-made, e que os mesmo poderiam ser produzidos em massa; Eram objetos selecionados aleatoriamente, e compunham criações, os levando ao estatuto de obra de arte. Acreditava que com isso, atribuiria desprezo pela arte e seus valores tradicionais.

Foi então, que em 1917, M. Duchamp apresenta A Fonte, um urinol de porcelana, que as insígnias R. Mutt. Uma de suas obras mais conhecidas.

Com um propósito bastante provocativo sua intenção era notar como cada objeto pode manifestar aspectos formais ao quais raramente se dá atenção. No momento em que são descobertos e isolados, ‘ enquadrados’, oferecidos à nossa contemplação, estes objetos carregam-se um significado estético, como se estivessem tido manipulados pela mão de um autor. (ECO:407, 2004).

Anos mais tarde Andy Warhol2, conhecido por participar do movimento Pop Art, advertindo que a perspectiva da matéria já não é natural, mas é detrito industrial ou objeto comercial; Retrata a imagem da Monalisa em pôster3, obra de Leonardo da Vinci, 1503 -1507, óleo sobre madeira de álamo, 77 x 53 cm.

Neste caso o artista se faz porta-voz da polêmica contra o mundo industrializado que o circunda, expõe os achados arqueológicos de uma contemporaneidade que se consome dia após dia, petrifica em seu irônico museu as coisas que vemos todos os dias sem que nos demos conta de que elas funcionam a nossos olhos como fetiches. (...) Nos ensina a amar estes objetos, nos lembra o universo da indústria também tem “formas” que podem comunicar uma emoção estética. (ECO:409, 2004).

E a Moda ?

Até o final do século XVIII a Moda tem no seu contexto formas, linguagens, tecidos e produtores que são considerados tradicionais para a produção de uma vestimenta, a chama da Alta Costura.

É com a invenção da máquina de costura4, que Moda se coloca na ponta da produção tecnológica, pois na Alta-Costura, as criações são artesanais e modelos exclusivos.

Mais tarde, está produção em massa de roupas será chamada de Prêt-à-Porter5, isto é, roupas compradas prontas para vestir.

E neste momento, que a forma e a produção das vestimentas estão passando por transformações, também é o período que a moda revaloriza a composição dos seus materiais, que coincide curiosamente, com o tempo histórico da arte.

A moda no contexto da revalorização dos materiais.

A matéria-prima, que constrói a forma e a estética das vestimentas, são os tecidos, eles são diversos e com muitas texturas e cores.

Segundo a catalogação de tecido citado no livro de Dinah Bueno Pezzolo, existem no mercado 232 tipos de tecidos, das mais diversas composições e estampas.

Na história dos tecidos sua composição já se deparou com diversos componentes como fios de cabelo trançados manualmente.

No contexto histórico das fibras naturais vegetais, conta-se que o Linho, apareceu cerca de 10.000 a.C, nas regiões da Mesopotâmia e Egito; a , cerca de 7.000 a.C, na região da Mesopotâmia; o Algodão cerca de 3.000 a.C, nas regiões do Paquistão e Índia e a Seda cerca de 2.700 a.C, na China. Fibras como o cânhamo, o junco, a palmeira de diversas espécies e o papirus, não têm datas especificas que delimitem seus usos e suas trocas, mas o que se sabe e que estão há tempos no mercado têxtil.

Vale ressaltar, que a fibra é a menor parte do tecido, algo como um átomo, ou seja, a menor partícula de matéria com características químicas definida, para formação de um tecido é necessário unir fios ou fibras para que se obtenha uma estrutura dimensional. (Chataigner, 2007: 28).

As fibras podem ser classificadas por: contínuas e descontinuas; sintéticas e acrílicas; químicas; genéricas.

Neste trabalho o que é interessante saber são as fibras sintéticas e acrílicas.

As fibras sintéticas são obtidas pela fiação de macromoléculas que resultam da síntese e depois da polimerização de monômeros multifuncionais. As principais são: poliamida, poliéster, acrílico e clorofila. Pertencem ao grupo de fibras químicas.

As fibras acrílicas proporcionam boas condições de produção e ótimas capacidades técnicas. Pertencem às mais leves fibras sintéticas e são mais resistentes do que a lã, são duráveis e protetoras a agentes externos. Pertencem ao grupo de fibras sintéticas.

Na trajetória histórica as fibras sintéticas em acetato de celulose aparecem em 1869, na Alemanha. Este material na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a novíssima descoberta é utilizada para finalidade bélica, revestindo aviões franceses e britânicos.

Em 1920, o acetato volta a ser produzido comercialmente resultando em novas descobertas e usos. Entre 1928 e 1929, Wallace H. Carothers pesquisa a natureza dos polímeros (aglomeração de moléculas fundamentais), proporcionando a inovação das fibras sintéticas. Em busca de novidades, em 1938 nasce o nylon (náilon), da família da poliamida, conhecida como a primeira fibra têxtil sintética.

Em 1950, vem ao mundo o poliéster6, muito usado em ternos que nunca amarrotavam e dispensavam o vinco das calças.

Em 1955 a fibra acrílica: crylor7, da família dos acrílicos, desenvolvida pela Rodhia8, na França.

A dificuldade de consolidar as fibras no mercado existia, pois eram desconfortáveis e não contribuíam para a estética do vestir. As fibras que mais tiveram aceitação foram as de náilon, que foram feitas meias na década de 40. E o crylon, também conhecida por falsa lã, foi utilizado para produção de roupas de bebê.

O desenvolvimento e vontade de pesquisar as fibras sintéticas cresceram com o passar do tempo, entretanto, em 1960, há uma recuada na propagação destas fibras no uso das vestimentas.

Em 1970, uma nova fibra entra nesta seara é a fibra sintética de celulose, derivada da polpa da madeira, a viscose9. No entanto, seu nascimento deu-se um pouco antes de 1905.

Em 1990, a microfibra10, distribuída a partir de 1992, pela Rhodia – Brasil. Chamou atenção por ser um tecido leve, com toque agradável diferente que os feitos com os fios ou filamentos artificiais ou sintéticos. Possui alta resistência, encolhimento extremamente baixo, vestem muito bem, não amassam e oferecem bom isolamento quanto a vento e frio. Seduziu principalmente o gênero feminino, pois da praticidade, conforto e beleza.

A microfibra é o primeiro material que vai ousar e vai ser chamado de tecido inteligente.

Neste cenário a Rhodia do Brasil e Universidade São Paulo-USP, fizeram uma pesquisa, em que foi possível descobrir que a aplicação de microfibra nas roupas esportivas proporcionaria ao atleta uma economia de 10% de sua energia gasta na prática esportiva.

Desde então o mercado de consumo, bem como os estilistas, ainda de forma tímida vem conhecendo e adotando esse novo material que interage na vida cotidiana do indivíduo que o utiliza.

A indústria têxtil está desenvolvendo cada vez mais seus tipos, tanto que a nomenclatura dos nomes, não tem consenso, pode ser achá-los por diversos nomes como: tecidos tecnológicos, tecidos inteligentes, tecidos dermatológicos e tecidos interativos.

Como exemplo de fibras têxteis sintéticas, segue apresentação de algumas amostras de tecidos e apresentação de peças esportivas, produzidas pela Tecelagem Santa Constância.

Amostra Acquos11. Repele e protege 50 % a água. A alta resistência aos produtos químicos do Aquos® o torna ideal para uso em piscinas independentemente do tipo de água, sendo inclusive resistente aquelas com alta concentração de cloro, como o caso das piscinas destinadas a fisioterapias. Onde suas propriedades são mantidas mesmo após sucessivas lavagens.

Amostra Ligeiríssimo Pro.12. Os principais atributos são conforto térmico – transferência super rápida de calor e umidade entre o corpo / o tecido / o meio ambiente – Leveza e maciez, além de ser “easy-care”. – fácil lavagem, rápida secagem e não precisa passar, consumindo menos energia e tempo. Pode ser lavado em máquina desde que seja utilizada a redinha de lavagem apropriada para tecidos com microfibras e roupas delicadas.

Lembrete para finalizar...

O uso destes materiais ainda é recente no mercado têxtil, pelos estilistas, é raro encontrar peças de roupas em diferentes estilos, sua aparição fica por conta do segmento esportivo.

Pois, até então é neste seguimento que este material tem uma rápida percepção e sensação, já que assume imediatamente a interação entre roupa e espaço social, atribuindo uma linguagem inovadora

Referências Bibliográficas

AZEVEDO, Wilton. O que é Design. São Paulo. Brasiliense, 2006.

CHATAIGNER, Gilda. Fio a Fio. Tecido, Moda e Linguagem. São Paulo. Estação das Letras. 2007.

ECO, Umberto. Das formas abstratas ao profundo da matéria. In: ECO, Umberto. História da Beleza. São Paulo: Record, 2004. Cap.XVI , p. 401-409.

FILHO, José Ferreira de Andrade. SANTOS, Laércio, Frazão dos Santos. Introdução à Tecnologia Têxtil. Rio de Janeiro: CETIQ/ SENAI, 1987.

Museu Paulista. Tecidos e sua conservação no Brasil: museus e coleções. São Paulo. Universidade São Paulo. 2005

PEZZOLO, Dinah Bueno. Tecidos. História, Tramas, Tipos e Usos.

Glossário de Tecidos inteligentes – Santa Constância

Sites

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CORREIA, BenHur. Sousa, Carla. Tecidos Tecnológicos apontam o futuro na indústria têxtil brasileira.

DUCHAMP, Marcel. wwww.marcelduchamp.net Última visita em 31.05.2009

FONTE, Carlos. http://afilosofia.no.sapo.pt/artecont.htm Última visita em 27.05.2009

FLORES, Vivian. Tendências de Verão. 2008. Florianópolis. http://www.santamoda.com.br/tendencias.asp?codigo=1933

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Museu de Arte Moderna. http://www.macvirtual.usp.br/mac/ Última visita em 27.05.2009

LUSTOSA, Donata. Saiba como foi a palestra do Webrun sobre tecido tecnológico. http://www.webrun.com.br/outros/conteudo/noticias/index/id/5335. Última visita em 15.05.2009

RHODIA. www.rhodia.com.br Última visita em 01.06.2009

ROSCHEL, Paula. http://jornaldamoda.wordpress.com/2008/10/15/falando-em-tecnologia-textil-mario-queiroz-ja-esta-desenvolvendo-tecidos-tecnologicos-para-a-proxima-spfw/ Última visita em 15.05.2009

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Sindicato dos Representantes Comerciais do Ceará. Tecidos Tecnológicos em Alta. http://www.sindvendas.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=403&Itemid=31 Última visita em 15.05.2009

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WARHROL, Andy. www.warhol.org Última visita em 27.05.2009

1 Blainville-Crevon, 1887 - Neuilly-sur-Seine, 1968. Pintor, poeta, escultor e jogador de xadrez.

2Pittsburgh, nos E.U.A.; 1928 - Nova Iorque, 1987.

3 Imagem retirada do site warhol.org – 27.05.2009

4 Em 1850, por Isaac Merrit Singer.

5 Expressão francesa para ready-to-wear.

6 Fibra sintética conhecida como tergal. Com baixo pode ser absorção, a fibra é utilizada só ou combinada a outra fibras, químicas ou naturais. Muito competitiva no mercado por seu baixo curto. Os avanços tecnológicos fazem com que essa fibra se torne cada vez semelhante ao algodão.

7 Confunde-se com tecido e seu nome determina também agasalhos leves, mantas e outras peças que precisam de suavidade no toque.

8 Empresa mundial de química de especialidades é líder em importantes mercados, reconhecida mundialmente nas áreas de polímeros, química e em formulações.

9 Fibra chamada viscose deu origem ao nome do tecido produzido com ela.

10 Nome genérico dado a tecidos químicos, sintéticos, obtidos de fios com filamentos individuais iguais ou menores que 1 dernier – as microfibras. Esses microfilamentos são produzidos com acrílico, poliéster, viscose ou náilon.

11 Produto exclusivo Santa Constância, utiliza como matéria prima a poliolefina modificada, material recentemente lançado pela Dow Química com a marca XLA® em âmbito mundial.

12 O tecido Leggeríssimo-Pró®, exclusivo da Santa Constância, foi desenvolvido com avançada tecnologia têxtil, originalmente concebido para atividades com altos níveis de transpiração como as corridas e aulas de ginástica de alto impacto.